É um facto ou uma ilusão?

1 de Abril de 2022
Sexta-Feira

Resumo do livro "Uma Carta aberta ao Príncipe Carlos" ou

"A única maneira para deixar de fumar", de Allen Carr

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Capítulo 8: É um facto ou uma ilusão?

               Há uma grande diferença entre conhecimento, compreensão e acreditar. Muitos de nós já experimentámos as ilusões óticas em que algo parece ser uma coisa, mas na realidade é outra. A perceção de cada um de nós é diferente… uns veem a garrafa meio cheia e outros veem-na meio vazia. Na realidade não interessa, mas ver a garrafa meio cheia traz felicidade e é mais positivo. O nosso cérebro é fantástico… podemos criar o mundo que queremos.

               Mas o que acontece quando vemos uma garrafa vazia completamente cheia? Na realidade, não tem grande importância, mas se estiveres perdido no deserto morrerás de sede rapidamente. É o mesmo que alguém que vive como milionário sem o ser… é obvio que a vida dessa pessoa vai entrar em rutura. E assim é com o fumar… a ilusão acontece quando o fumador está em privação e quando fuma, a ilusão desaparece… pelo dinheiro que gasta, pelo mau cheiro e sabor, pela asfixia, tosse e letargia e pela depressão, escravatura e sentimento de culpa. E é por esta razão que 99% do fumar é inconsciente, porque não é agradável ser confrontado com tudo isso. A verdadeira ilusão da nicotina é que o fumador acredita que a garrafa está cheia de prazer e apoio. Mas a verdade é que está cheia de veneno.

               Esta ilusão só é má porque o fumador não está em posição de controlo e a escravatura é o maior pesadelo do fumar. Na realidade, o fumador não tem escolha… se tivesse, não fumaria. Se o fumar, pelo menos, desse algum apoio ou algum prazer, não seria tão mau. Mas infelizmente, apesar da ilusão, o fumador mantém-se nervoso, irritado, triste e com medo. E é esta consciência do fumador que faz com que não goste de ver o seu filho fumar!

               Tenho clientes que me dizem “Entendi tudo e segui todas as instruções… dizia todos os dias a mim mesmo que o cigarro não presta e que não queria fumar, mas mesmo assim falhei”. E eu digo “Seguiste as minhas instruções, mas não as compreendeste inteiramente. E porque foi necessário dizer a ti mesmo que o cigarro não presta? Eu sei que a heroína não presta e não preciso de passar a vida dizer isso a mim próprio. Aí está a diferença entre conhecimento, compreensão e acreditar… tomaste conhecimento, entendeste, mas não acreditaste.”

Se passasses o resto da tua vida a dizer a ti mesmo que vermelho é preto, não irias acreditar nunca! Para essa ilusão funcionar terias de fazer mais alguma coisa além da lavagem cerebral imposta a ti próprio de que é verdade. Mesmo para entender a ilusão de fumar, que é possível viver sem o cigarro, que saberás lidar com stress, que será fácil parar e que serás feliz por isso… é essencial que acredites que é assim!! Portanto pergunto… de onde vem esta dificuldade em acreditar que é possível? Ou seja… onde é que foi que tudo começou a correr mal?